segunda-feira, 25 de junho de 2012

Teste Dafra Next 250


Após a apresentação da Dafra Next 250 no final de março e a primeira impressão publicada no test-ride realizado na pista do Penbay International Circuit, no Sul de Taiwan, restava o teste real. Foram mais de 900 km rodados em estradas boas e nem tão boas assim, em condições climáticas as mais variadas – fomos ao 3º ENM (Encontro Nacional Motonliners) em Ubatuba/SP sob chuva intensa e ininterrupta -, rodamos muito à noite e nas zonas urbanas com trânsito congestionado.
Next 250 possui qualidades para surpreender os consumidores; preço competitivo e economia de combustível se destacam
Next 250 possui qualidades para surpreender os consumidores; preço competitivo e economia de combustível se destacam
Por fim, também escutamos e registramos algumas opiniões de motonliners que apenas viram a moto, numa espécie de “tortura psicológica” a muitos que, na verdade, gostariam de experimentar a moto de fato. Mas como a Dafra informou – e foi possível comprovar -, as concessionárias da marca possuem uma unidade da Next 250 para test-drive, onde possivelmente, muitos dos que opinaram já foram fazer o test-drive.
Pouca capacidade de esterçamento dificulta manobras no trânsito; suspensão dianteira requer mais atenção da engenharia da fábrica
Pouca capacidade de esterçamento dificulta manobras no trânsito; suspensão dianteira requer mais atenção da engenharia da fábrica
Nesta moto a Dafra deposita – com razão – boa parte de sua estratégia de recuperação de mercado e reconstrução da marca no Brasil. A expectativa inicial era vender 800 unidades por mês (10 mil nos primeiros 12 meses). O número que aparece nos dados da Fenabrave ainda é preliminar e refere-se à primeira quinzena de junho: 276 motos. As vendas da Next começaram em meados de abril e a novidade encontrou-se nas lojas com a crise do setor de duas rodas em função das dificuldades de crédito. Portanto, ainda não dá para ter uma noção exata da aceitação da Next 250 pelo mercado.
Contudo, pelo número de vendas no atacado (Abraciclo – fábrica p/ concessionária), a média de faturamento mensal da Dafra Next 250 é de 700 motos, considerando-se os 60 dias entre meados de abril e meados de junho. Ainda é pouco e é necessário mais tempo para ver se a Dafra Next 250 veio realmente para incomodar suas grandes concorrentes, Yamaha Fazer e Honda CB 300.
O projeto da moto foi feito pela taiwanesa SYM e recebeu especial atenção para adequar-se ao mercado brasileiro. Algumas de suas características a diferenciam e indicam um desempenho superior, como a refrigeração líquida e o câmbio de seis marchas. Este teste mostra que o resultado não chega a ser absolutamente superior, mas a Dafra Next 250 realmente surpreende positivamente em vários aspectos e se mostra competitiva para o mercado brasileiro.
Garupa sofre com banco duro e posição arqueada; alça para amarração de bagagem apenas de um lado
Garupa sofre com banco duro e posição arqueada; alça para amarração de bagagem apenas de um lado
A postura para pilotagem é um pouco confusa. Guidão alto e as pedaleiras para trás deixam as pernas mais dobradas e a posição convida o piloto para uma posição mais abaixada, o que o guidão não oferece. Porém, com um pouco de uso se acostuma a essa posição, que na verdade é bastante confortável. A posição ereta do tronco cansa menos em longas horas de pilotagem, mas para combinar com essa posição do tronco as pedaleiras deveriam ser um pouco mais adiantadas.
No projeto original da SYM a posição do piloto é mais abaixada, como uma moto naked ou esportiva. A distribuição de peso no chassi é mais para a frente do que numa moto street, principalmente por causa do posicionamento do motor, que é determinante para definir o centro de gravidade. Com a nova posição do piloto favorecida pelo guidão mais alto e pedaleiras mais baixas, essa distribuição de peso se alterou. O resultado é que nessa moto a frente se tornou mais leve do que o ideal e isso fez com que a direção ficasse um pouco incerta.
Aliás, na frente da moto está também o maior inconveniente da Dafra Next 250. Sobretudo para quem roda na cidade e enfrenta congestionamentos que exigem manobras no meio dos carros parados. O ângulo de esterçamento da moto é pequeno, bem parecido com motos esportivas. Só que em motos esportivas esta limitação existe pela posição do guidão que pode bater no tanque, o que não é o caso da Next. A posição de pilotagem e o tamanho da moto incentivam estas manobras, mas o pouco esterçamento dificulta muito a vida do piloto nestas ocasiões.
A “incerteza” da frente da moto manifestou-se ainda de outra forma, até surpreendente. Após uma análise mais detida foi possível perceber que a caixa da direção da unidade em teste estava apertada demais, fazendo com que o piloto tivesse que começar uma curva com um excesso de pressão para as movimentações do guidão e ao mesmo tempo, os movimentos naturais da ciclística da moto não retornavam naturalmente. Resultado: curvas quadradas e tangências erradas eram fatos comuns na moto de teste. Com o torque correto no aperto da caixa de direção o problema deve desaparecer e a ciclística se acerta, apenas forçando o piloto a uma posição mais adiantada nas situações em que o equilíbrio em curvas assim exija.
Geometria Dafra Next 250
Geometria Dafra Next 250
O motor se mostrou bastante resistente e bem acertado às características do nosso país. De funcionamento harmonioso e com respostas rápidas no acelerador, proporcionou boas velocidades em rodovias, com retomadas rápidas. Também se mostrou muito econômico e com o tanque de 14 litros provê grande autonomia. Esse é um grande diferencial positivo da Next 250, já que o desempenho geral do motor está alinhado com suas concorrentes Yamaha e Honda, ambas arrefecidas a ar e com cinco marchas. Nas melhores condições a velocidade máxima medida foi de 140 km/h reais e o velocímetro marca um erro de +8% ao indicar 151 km/h.
Motor: projeto moderno da SYM com adaptações para o mercado brasileiro
Motor: projeto moderno da SYM com adaptações para o mercado brasileiro
A faixa útil de rotação, vai de 7000 a 9000 rpm (corte a 9500 rpm) e nessas condições as mudanças de marcha proporcionam a melhor aceleração. Ao selecionar a sexta marcha pode-se verificar uma queda grande nas rotações, mostrando a maior preocupação do fabricante em proporcionar mais economia. O motor desenvolve bem até 120 km/h e fica numa rotação confortável para essa velocidade de cruzeiro com sobra para alguma necessidade eventual.
Os freios são bons, mas um pouco borrachudos. A tubulação flexível com malha de aço na frente deixa esse freio com boa modulação, mas o traseiro oferece um curso um pouco longo para trabalhar em comparação com as outras motos da categoria. Mas ainda assim responde bem e mostra-se absolutamente adequado. Na resposta dos freios se percebe também as qualidades da suspensão. Monoamortecida na traseira e garfo convencional na dianteira mostraram ser bem equilibradas. A frente, porém, poderia ser um pouco mais rígida e progressiva, para evitar bater no fim de curso com tanta facilidade.
Alguns detalhes da Next 250 poderiam ter recebido mais atenção. A posição do garupa é muito ruim, com as pedaleiras bem altas e o banco muito duro e estreito, o que torna a presença do garupa um exercício de tortura. Para quem precisa levar alguma bagagem, há alça apenas de um lado e a fixação de bagagem fica dificultada. Outro detalhe que durante o teste mostrou-se impreciso foi o marcador de combustível (em barras), que quando vai chegando no final do tanque, ora marca reserva, ora volta a marcar uma barrinha, deixando o piloto realmente desconfiado. Mas a economia e a grande autonomia mostraram-se um destaque importante da moto.
Com desenho atual, linhas agressivas e atraentes, a Dafra Next 250 se torna uma boa opção pelo preço e características técnicas atuais. Seis marchas, suspensão monoamortecida traseira, arrefecimento líquido e ao preço de R$10.190,00 ela fala alto para muita gente que quer trocar sua moto menor.
Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

Um comentário:

  1. gostei da moto,so que vibra um pouco em 120 km/h
    soltando parafusos.E bom sempre dar uns reapertos.
    Marcus Bento

    ResponderExcluir